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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

"Case" dos avisos sobre blitzes: atentado a segurança pública ou a liberdade de expressão?

Há alguns dias eu vi alguém questionando se a não possibilidade de dirigir sob influência do álcool não seria um atentado ao princípio fundamental da liberdade de locomoção. Vi a pessoa defender que o condutor não poderia ser impedido de dirigir, mas que se causasse algum dano responderia por este, como em casos comuns.
            Pois bem, todos nós, usuários das redes sociais, estamos acompanhando a polêmica causada pela decisão do Juiz da Vara Especial de Inquéritos Criminais de Vitória, Dr. Alexandre Farina, que mandou extinguir algumas páginas do facebook e twitter denominadas “utilidades públicas” que avisavam aos usuários sobre a localização de blitzes que faziam testes de bafômetro.
            Várias pessoas protestam dizendo que a decisão é prejudicial à liberdade de expressão, outras acham certas, pois se acham mais seguras por dar um ar de efetividade as operações deflagradas pelas policiais neste período de férias.
            Logo que fiz minha primeira leitura sobre o caso, percebi que tínhamos de observar um ponto que seria o solucionador do problema: avisar sobre as operações das polícias é ou não um atentado à segurança pública? Sim, pois o juiz se valeu do Art. 265 do CP que trata sobre este assunto.
            O próprio juiz fala, em sua decisão, que não há tipificação para o caso, mas releva ao lembrar que o legislador de 40 jamais poderia incluir este caso no rol de normas, visto que na época nem sonhavam em computadores, muito menos em internet.
            Li, reli e interpretei correta a decisão do douto julgador. Achei correta, pois os que dizem que a decisão atenta contra o princípio da liberdade de expressão não pararam para fazer a análise que avisar sobre blitzes é sim um atentado à segurança pública.
            Ora, como não pode ser atentado à segurança se é comprovado cientificamente o efeito alucinógeno do álcool sobre os seres humanos?! Se é comprovado este efeito, devemos enxergar os risco que uma pessoa que está sob esta influência corre e causa quando dirige um veículo em meio a tantas outras pessoas. Continuemos o raciocínio e percebamos que a forma mais eficaz do Estado proteger os interesses coletivos seria a implantação de multas e fiscalização que se dá exatamente através de blitzes! Óbvio que quando se avisa sobre uma blitz, quem está sob efeito do álcool vai desviar dela, o que não significa que este deixou de correr ou causar riscos, mas apenas que vai se eximir da fiscalização estatal que garante a eficácia da norma.
            Percebamos que quando se dirige sob influência alcoólica se põe em risco dois bens protegidos juridicamente: a vida do condutor e a(s) vida(s) dos que estão ao redor. Lembremos que a vida é bem indisponível e que mesmo assumindo a responsabilidade o Estado deve impedir que qualquer pessoa a ponha em questão.
            Agora passemos para outra parte da análise, se o juiz fez correto em mandar extinguir as páginas do facebook. Isto porque temos de levar em conta a liberdade de expressão, mesmo que seja crime avisar sobre blitzes, o cidadão tem o direito de cometê-lo, mesmo sabendo que poderá sofrer conseqüências.
            Se olharmos pelo lado em que o juiz manda extinguir as páginas citadas, achamos que ele comete exagero. Na verdade, ele deveria sim mandar suspender a página para garantir efetividade das blitzes colocadas na operação, mas que extingui-las causa, além de efeito imediato, efeitos futuros e duradouros. Sobre o ponto de que manda os provedores continuarem uma permanente fiscalização, podemos analisar como correto se esta fiscalização viesse a ser no sentido de que o próprio provedor, em momentos oportunos, denunciasse aqueles perfis que estavam a “alarmar” os locais que estavam sendo fiscalizados, mas se for no sentido de extinção daquelas páginas, cai na recorrência do exagero inicial.
            Conforme todo relato acima, podemos perceber que temos em conflito dois princípios, o da liberdade e o da segurança pública. Acompanhamos o raciocínio do julgador amparados pelas leituras em Eros Grau. Podemos muito bem ver um pouco sobre a ponderação dos princípios, que fora usada na hora de decisão, e que, como muito bem asseverou Grau em sua obra O Direito Posto e O Direito Pressuposto quando o juiz estabelece uma hierarquia entre os princípios, não determina o valor de cada um deles por definitivo, mas apenas para aquele caso em concreto¹.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Desprezo diário. Uma realidade nossa!

Nesse tempo de festividades natalinas, fim de ano, verão, resolvi retomar um pouco da escrita.

Já não recordava o tempo em que eu dormia tão pouco, com tantas inspirações noturnas, e que essa me hoje aparece.

Apesar de poucos anos de vida (assim me considero), já consegui vivenciar várias situações da realidade mundial, quero me referir a pobreza.

Todos os dias agradeço a Deus por ter sido oriundo de uma família que, apesar de não fazer parte da lista dos 500 milionários do RN, vive confortavelmente.

Apesar dos agradecimentos, todos os dias reclamamos, pedimos mais..tudo sem necessidade.
Fomos criados à base do capitalismo, que de pronto criou mecanismos para tornar-nos os mais consumistas possíveis.

Olhem só as datas comemorativas: dia das mães, dos pais, natal. Todas essas datas são celebradas pelos presentes (que custam caro) comprados e não pelo sentimentalismo que deveria ser promovido. Aliás, infelizmente, nos dias de hoje, quase ninguém é movido pelo sentimentalismo. Já olhamos uns para os outros observando a marca das roupas, sentido de qual marca importada é o perfume usado, se o sapato é de camurça.

Olhamos e comentamos onde vamos jantar, se gastamos milhares de reais em apenas uma refeição ou se já passamos nos shoppings para aquelas compras de quem não tem o que fazer.

É, penso, parace hipocrisia, eu sou um dos adeptos de todas essas tentações acima. Sim, eu também cometo essas mesmas babaquices que todos nós fazemos.

Babaquice? Sim. Vamos analisar um pouco da história das espécies... O "projeto" (se é que grosseiramente posso assim chamar) de todas os integrantes de uma espécie é mantê-la viva, assim tendo atitudes que ajudam a disseminação dela. Ora, vejamos se não procriamos para manter nossa espécie no mundo. É quase isso.

Analise o tremendo crime que cometemos quando compramos uma camisa que custa R$500,00 enquanto milhares de nossos semelhantes morrem de fome não muito distante de nós. Passemos em Areia Preta e olhemos os enormes apartamentos dos milionários que nos acompanham nessas compras e olhemos um pouco mais ao fundo para enxergarmos alguns casebres de Mãe Luiza. Uma tremenda contradição: enquanto à frente um prédio de alto luxo, ao fundo o inverso daquilo, um casebre que comporta muitas vezes mais de uma família.

Analise o crime continuado quando saimos da loja das roupas e passamos para almoçar num restaurante onde gastamos mais R$500,00, enquanto aquela família do casebre recebe isto em todo um mês para alimentar vários filhos e netos.

Analise que no RN todo mês mais de 3 mil carros 0KM são vendidos. Necessidade? Não. Exibicionismo!
Enfim, se formos analisar o nosso dia inteiro, perceberemos que quase tudo que fazemos está em desacordo com a teoria da prosperidade genética.

Ao invés de gastarmos milhares de reais com coisas fúteis deveríamos ajudar aos que necessitam a ter uma vida melhor. Esta foi quase uma citação bíblica. Não que eu tenho esquecido disto, mas além da prosperidade genética, lembremos do que o nosso meste maior (Jesus) nos ensinou. Foi essa vida de egoísmo e de consumismo que ele incentivou?

Olhemos um pouco para o lado e vejamos o quanto nossas matas são desgastadas para que cada vez mais tenhamos prédios mirabolantes e modernos...triste. Nós, meros seres humanos, pensamos que precisamos de luxo e mais luxo para viver.

Devíamos aprender que uma camisa que custa 50, faz o mesmo efeito da de 500: vestir. Não é tarefa fácil, assumo, mas nada é impossivel.

Hoje estou lembrando de quantas pessoas estão nessa hora nas praias gastando tanto dinheiro que se juntado daria quase para acabar com a fome no nosso país. Estou lembrando que eu mesmo talvez estivesse agora rodeado de colegas comprando uma garrafa de whisky que custa o salário de muitos trabalhadores do campo...

Tantas reflexões a serem feitas. Muita coisa a se repensar. Muitas atitudes a mudar...


Será que não é hora de pararmos um pouco e tentar mudar a realidade da vida de algumas pessoas? Mesmo que eu não possa contribuir com dinheiro, muitas vezes uma palavra amiga e sincera já ajuda bastante.

Vamos tentar fazer em 2012 o que não fizemos de bom em 2011. Vamos ser mais humanos, mais sensíveis, mais amáveis!

Vamos ajudar a todos serem gente de verdade!